Para a FecomercioSP, o desempenho do fim de ano evidencia a necessidade de estratégias integradas e sustentáveis para o varejo paulista. O setor encerra 2025 em ritmo mais moderado, após um ciclo de forte expansão no ano anterior. O consumo ainda é impulsionado por datas como Black Friday e Natal, além da entrada do décimo terceiro salário, mas a confiança do empresário diminuiu e as famílias seguem pressionadas pelo alto endividamento e crédito caro. Nesse contexto, planejamento, eficiência, controle de custos e ações para atrair o consumidor se tornaram essenciais para manter a rentabilidade e os empregos no comércio.
Os dados foram apresentados nas reuniões regionais de novembro do Conselho do Comércio Varejista da FecomercioSP. De janeiro a agosto, o setor registrou crescimento real acumulado de 6,4%, com alta de 1,1% no faturamento em agosto, sinalizando uma perda gradual de fôlego. O ritmo de crescimento já vinha desacelerando em junho (4,8%) e julho (3,7%).
No oitavo mês do ano, segmentos como veículos, farmácias e vestuário ainda sustentam os resultados positivos, enquanto móveis, autopeças e eletroeletrônicos refletem a cautela das famílias.
Segundo Kelly Carvalho, assessora da FecomercioSP, o momento pede prudência e adaptação. “O varejo segue em terreno positivo, mas com ritmo mais contido. As empresas precisam ajustar estoques, margens e operações para manter o desempenho em um cenário de crédito restrito e consumidor mais racional”, afirma.
Black Friday e Natal
As principais datas do varejo devem aquecer as vendas, mas com tíquetes médios menores e decisões de compra mais criteriosas. “A Black Friday deixou de ser uma ação pontual e passou a integrar o planejamento do mês inteiro. O consumidor busca descontos reais e prazos de entrega confiáveis”, observa Kelly.
Com o décimo terceiro injetando R$ 320 bilhões na economia — alta de 4,8% em relação ao ano passado —, parte desse recurso deve ser usada para quitar dívidas e outra parte para o consumo de fim de ano. “O lojista precisa apostar em produtos de giro rápido, kits acessíveis e compras recorrentes”, complementa a economista.
O PIX, que já responde por 29% das transações, ganha espaço pela agilidade e menor custo, enquanto o uso do cartão de crédito caiu de 54% para 40%. Além disso, 41% dos consumidores afirmam planejar suas compras com antecedência, priorizando transparência, rastreabilidade e atendimento ágil — fatores que devem orientar as estratégias das empresas.
Reforma Tributária
Os encontros regionais também discutiram os impactos da Reforma Tributária (Lei Complementar — PLP 214/2025) nas entidades que defendem o empreendedorismo. O texto manteve a imunidade tributária apenas para sindicatos laborais, deixando os patronais dependentes de mudanças na lei para obter isenção.
Paulo Igor de Souza, assessor da FecomercioSP, alerta que essa omissão traz insegurança ao sistema de representação empresarial. “O setor ficou fora da imunidade automática prevista na Constituição e agora precisa buscar isenção por meio de projeto de lei. Essa lacuna pode aumentar custos e comprometer o equilíbrio financeiro das entidades”, explica.
Durante a tramitação dos PLPs 68/2024 e 108/2024, a FecomercioSP defendeu emendas para incluir a isenção das entidades patronais no novo modelo tributário. Parte da proposta foi acolhida no Senado, restringindo a não incidência apenas às contribuições associativas estatutárias, o que ainda deixa brechas jurídicas para outras contribuições importantes, como a assistencial.
“O desafio é garantir que sindicatos, federações e confederações patronais, por não terem fins econômicos, tenham a isenção reconhecida, assegurando isonomia com o setor laboral”, destaca o assessor.
Planejamento, proteção e personalização
Para a FecomercioSP, o desempenho do fim de ano reforça a importância de estratégias integradas e sustentáveis. “O cenário é desafiador: crédito caro, alto endividamento e consumidor mais racional. Quem investir em planejamento, transparência e experiência de compra sairá na frente”, conclui Kelly.
A entidade orienta o varejo a focar em gestão de estoques, segurança digital e uso de Inteligência Artificial para precificação e recomendação de produtos. Esses pilares devem definir a produtividade das empresas nas próximas temporadas.

















