Impacto do comércio ilegal de autopeças no varejo

Consequências do comércio ilegal de autopeças no setor varejista

Impactos da Pirataria e Regulação no Mercado de Autopeças

O varejo, principal canal de comercialização de autopeças para o consumidor final, é um dos elos mais diretamente afetados pelo mercado de produtos ilegais. A presença de peças piratas ou sem comprovação de origem nas prateleiras não só prejudica a credibilidade do setor, como também pressiona os lojistas que atuam dentro da legalidade a competir com margens distorcidas. Além disso, dificulta para o consumidor comum distinguir entre uma oferta vantajosa e um risco oculto.

Esse cenário desafia o equilíbrio entre competitividade e responsabilidade, exigindo uma atuação coordenada entre o poder público, o mercado e a sociedade. Apesar dos avanços legislativos, como a Lei do Desmonte, e do aumento das fiscalizações em estados como São Paulo, o volume de peças ilegais circulando no país permanece significativo, impulsionado por lacunas regulatórias, canais informais e, muitas vezes, pela falta de conhecimento técnico do próprio consumidor.

Líderes do varejo de autopeças têm expressado essa preocupação. Em declarações sobre o tema, Heber Carvalho, presidente do Sincopeças-SP, destacou os impactos econômicos e institucionais da pirataria no mercado. Para ele, não se trata apenas de coibir os vendedores, mas também de reconhecer que essa engrenagem funciona porque existe demanda. “Se há quem venda, é porque há quem compre. Isso vale tanto para o consumidor quanto para algumas lojas que, infelizmente, ainda operam à margem da legalidade”, afirmou.

Carvalho enfatizou que a evasão fiscal gerada por esse comércio irregular compromete investimentos, empregos e o futuro do varejo automotivo. Por isso, defende que a rastreabilidade seja encarada como um ativo — algo que protege o cliente e valoriza o lojista formalizado. “É fundamental que a peça esteja regularizada e acompanhada da nota fiscal. O consumidor precisa ter segurança sobre o que está adquirindo”, destacou.

Números que ilustram os efeitos da pirataria de autopeças e o impacto da regulação dos desmanches no mercado

  • R$ 12 bilhões: prejuízo anual estimado causado pela pirataria de autopeças no Brasil.
  • 34%: redução nos roubos de veículos no estado de São Paulo nos dois anos seguintes à regulamentação da Lei do Desmonte, entre 2014 e 2016.
  • 80.869: total de roubos e furtos de veículos registrados em São Paulo em 2024 — número inferior aos 111 mil registrados em 2014.
  • 883: estabelecimentos atualmente credenciados pelo Detran-SP para atuar com desmontes de veículos.
  • 1: média anual de visitas realizadas pelo Detran-SP aos desmontes formalizados, conforme sua estrutura de fiscalização.
  • Mais de 800: pontos de fiscalização do Detran-SP integrados a bases da Polícia Militar, permitindo o cruzamento inteligente de informações.
  • 0,7: aumento médio no número de roubos de veículos por mês associado à presença de um desmanche adicional em uma mesma localidade.