Empresários de São Paulo mantêm cautela diante do cenário econômico.

Empresários de São Paulo adotam postura cautelosa frente à instabilidade econômica.

Confiança dos Varejistas em São Paulo

A confiança dos varejistas na capital paulista cresceu pelo segundo mês consecutivo. Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), apurado mensalmente pela entidade, registrou 101 pontos em junho — alta de 1,6% em relação a maio. Assim, o indicador voltou à zona de otimismo (acima de 100 pontos) [gráfico 1]. No entanto, na comparação anual, houve queda de 5,6%.

[GRÁFICO 1]

ÍNDICE DE CONFIANÇA DO EMPRESÁRIO DO COMÉRCIO (ICEC)

Série histórica (13 meses)

Fonte: FecomercioSP

Gráfico - Empresários de São Paulo mantêm cautela diante do cenário econômico.

De acordo com a FecomercioSP, a melhora está relacionada às vendas em datas comemorativas e a fatores como desaceleração da inflação e queda na cotação do dólar. Contudo, a Federação mantém o alerta dos últimos meses: as empresas continuam endividadas, com margens apertadas e enfrentando juros elevados para obtenção de crédito, entre outros fatores que comprometem rentabilidade e lucratividade — o que justifica a cautela e a retração anual.

Os três componentes do ICEC apresentaram avanço na comparação mensal, provavelmente impulsionados por importantes datas comemorativas, como Dia das Mães e Dia dos Namorados, que estimulam as vendas. Entretanto, o varejo já demonstra sinais de desaceleração, levando os empresários a adotarem uma postura mais cautelosa quanto ao futuro.

O Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC) cresceu 2,7%, passando de 71,6 pontos em maio para 73,5 pontos em junho, mas permanece 6,2% abaixo do nível registrado no mesmo mês do ano anterior. São 28 meses consecutivos com o indicador abaixo dos 100 pontos, refletindo insatisfação dos empresários diante de rentabilidade reduzida, custos elevados, altos juros e incertezas na política econômica.

Esses fatores também impactam as expectativas para o futuro. O Índice Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC) teve a terceira alta seguida, subindo de 129 pontos em maio para 129,5 pontos em junho, uma variação modesta de 0,3%. Ainda assim, na comparação anual, o indicador acumula queda de 6,2%, indicando otimismo ainda contido.

Por fim, o Índice de Investimentos do Empresário do Comércio (IIEC) avançou 2,4%, atingindo 100 pontos em junho, retornando à linha que separa pessimismo e otimismo.

[GRÁFICO 2]

COMPONENTES DO ICEC

Série histórica (13 meses)

Fonte: FecomercioSP

Gráfico - Empresários de São Paulo mantêm cautela diante do cenário econômico.

Confiança das grandes empresas atinge menor patamar desde 2020

No ICEC, a segmentação por porte das empresas revela que, em junho, a confiança das grandes empresas (com mais de 50 funcionários) atingiu o menor nível desde setembro de 2020. O índice caiu 9,6%, de 113,7 pontos em maio para 102,7 pontos em junho. Embora o número dessas empresas na amostra seja menor — o que torna os resultados mais voláteis —, este dado chama a atenção e merece acompanhamento nos próximos meses.

Essa queda foi impulsionada pela piora nas expectativas, com o IEEC recuando 12,7% (de 141 para 123,2 pontos), e pela percepção mais negativa das condições atuais, medida pelo ICAEC, que caiu 10,9% (de 92,4 para 82,3 pontos). Por outro lado, o ICEC das pequenas empresas (até 50 empregados) subiu 1,9%, passando de 99,1 pontos em maio para 101 pontos em junho, retornando à zona de otimismo.

Propensão a investir reage

O Índice de Expansão do Comércio (IEC) interrompeu uma sequência de seis quedas consecutivas e voltou a subir, passando de 99,2 pontos em maio para 102,1 pontos em junho — alta de 2,9%, retornando à zona de otimismo (acima de 100 pontos). Contudo, na comparação anual, o indicador ainda apresenta queda de 4,8%.

[GRÁFICO 3]

ÍNDICE DE EXPANSÃO DO COMÉRCIO (IEC)

Série histórica (13 meses)

Fonte: FecomercioSP

Gráfico - Empresários de São Paulo mantêm cautela diante do cenário econômico.

Os dois componentes do IEC apresentaram crescimento mensal. O Índice de Expectativa para Contratação de Funcionários (ECF) subiu 2,6%, de 111,4 pontos em maio para 114,3 pontos em junho — movimento possivelmente associado às datas comemorativas, mas ainda com recuo acumulado de 4% em relação a junho do ano anterior.

O Índice de Nível de Investimento das Empresas (NIE) também interrompeu seis meses consecutivos de queda, avançando 3,4% em junho e alcançando 90 pontos. Ainda assim, permanece abaixo dos 100 pontos, indicando pessimismo quanto a novos investimentos em máquinas, equipamentos, reformas e abertura de lojas. Em comparação com junho do ano passado, o NIE recuou 5,8%.

Após o período de festas de fim de ano — a melhor época de vendas para o setor —, a retração do IEC já era esperada, mas o resultado ainda gera preocupação. Com a chegada de novas datas comemorativas, o indicador, que havia caído 14,4% entre novembro e maio, mostra sinais de recuperação, especialmente pela maior intenção de contratação. Ainda assim, há dúvidas sobre a manutenção dessa recuperação no segundo semestre, mesmo com vendas sazonalmente mais fortes. De modo geral, o cenário econômico desafiador tende a manter os empresários cautelosos em relação a novos investimentos.