Muito se questiona o futuro da manutenção de carros elétricos, especialmente em relação às baterias, cuja vida útil real ainda é um mistério, apesar da garantia de 8 anos ou 160.000 km, em média.
Na França, um país que está se eletrificando muito rapidamente, já existe oficina “mecânica” especializada apenas em carros elétricos e, acredite, com custos que chegam a ser 17 vezes menor que nas revendas.
Em 2020, em plena pandemia de coronavírus, Raphaël Daguet fundou a Revolte e-Garages para fazer a manutenção de carros elétricos de forma terceirizada.
O foco da nova oficina não era ser uma alternativa às redes de concessionárias, mas a saída para os carros elétricos fora da garantia.
O motivo é que, enquanto na garantia, os custos não são tão elevados, ainda mais do centro nervoso desse tipo de carro, a bateria.
Contudo, quando esta sai da garantia, os orçamentos simplesmente se multiplicam em valores e chegam a cifras astronômicas que nenhum proprietário estará disposto a pagar.
É aí que entra a Raphaël Daguet com sua oficina de carros elétricos, dando ênfase obviamente na eletrônica, já que o resto – suspensão e freios – pode ser feito em qualquer lugar.
Daguet explica o que é realizado: “Na Revolte, desmontamos a bateria e gastamos tempo conduzindo um diagnóstico preciso. E se pudermos, não é o pacote completo que substituiremos, nem mesmo o bloco afetado, e talvez nem mesmo a placa eletrônica se estiver com defeito. Que desperdício seria!”
O dono da Revolte explica que a política dos fabricantes praticamente elimina a manutenção de carros elétricos após a garantia e isso seria um desperdício, especialmente gerando resíduos que poderiam comprometer o meio ambiente.
Seria como pegar um carro de oito anos e simplesmente levá-lo para a sucata, quando este ainda poderia estar rodando com segurança e eficiência após manutenção adequada.
Segundo Daguet, os orçamentos na Revolte ficam muito abaixo do praticado na rede autorizada, tendo um Kia Soul EV 2018 como exemplo.
Com 200.000 km rodados, houve pouca perda de autonomia, porém, o crossover entrou no modo tartaruga e a recarga ficou longa demais.
Na revenda, o orçamento era de € 20.000 para troca da bateria. Na Revolte, foi detectado que a célula 100 estava inchada e o módulo com 14 células, trocado, resolveu o problema por € 5.000…
Um C-Zero da Citroën (Mitsubishi MiEV) teria a bateria de 14 kWh trocada por € 17.000, mas o conserto saiu por € 1.000 na oficina de Daguet.
Ele citou orçamentos de € 4.000 a € 6.000 para os Renault Zoe e Nissan Leaf, que saíram por € 1.000.
Daguet diz que um carro elétrico pode durar muitas décadas e virar herança de família sem perder a eficiência, através apenas de manutenções cirúrgicas.
Em tempos de crise, com falta de carros novos nas lojas, prolongar a vida do usado, especialmente se este for elétrico, é uma opção interessante.
Será essa a visão do futuro da manutenção automotiva?
[Fonte: FCE]