Em agosto, o mercado de trabalho em São Paulo manteve-se estável, porém com ritmo de expansão mais contido. Segundo levantamento da FecomercioSP, com base nos dados do Caged, o comércio paulista registrou saldo positivo de 12.490 vagas formais, resultado de 150.613 admissões e 138.123 desligamentos. O setor atingiu um novo recorde, ultrapassando a marca de 3 milhões de vínculos formais. No acumulado do ano, o comércio já gerou 50.062 vagas líquidas, mantendo todos os segmentos no azul.
A FecomercioSP destaca que o crescimento do emprego segue, mas em ritmo moderado, refletindo a postura cautelosa das empresas diante de custos elevados e consumo mais seletivo. A manutenção dos saldos positivos dependerá de fatores como renda real, confiança do consumidor e oferta de crédito. O cenário aponta para uma leve desaceleração nos próximos meses, exigindo atenção especial ao planejamento de contratações para o fim do ano.
O varejo segue como principal motor da geração de empregos, respondendo por cerca de 73% do saldo total: foram 23.618 vagas abertas no acumulado do ano. O atacado gerou 1.904 vagas em agosto e soma 16.797 no ano, representando 33,5% do total. Já o segmento de comércio e reparação de veículos encerrou agosto com saldo de 1.472 vínculos celetistas, acumulando 9.647 vagas desde janeiro, o que equivale a 19,3% do saldo geral.
Desaceleração no setor de Serviços
O setor de Serviços em São Paulo também registrou saldo positivo em agosto, com 22.628 vagas formais (386.372 admissões e 363.744 desligamentos). No entanto, o ritmo de geração de empregos desacelerou: em comparação com o mesmo mês do ano passado, o saldo caiu 40% (eram 37.861 vagas), e o setor perdeu força após o pico de fevereiro (84.437 vagas).
Entre janeiro e agosto, foram criadas 227.918 vagas no setor, número inferior ao do mesmo período de 2024, quando já passava de 260 mil – uma queda de 13% na criação líquida de empregos. Serviços de educação se destacaram pela recuperação após ajustes no primeiro semestre, enquanto transportes continuam impulsionados pela demanda logística e pelo e-commerce.
Setores intensivos em mão de obra, como alojamento, alimentação e serviços administrativos, seguem contratando, mas em volumes menores do que no ano passado. Apesar do saldo positivo, há perda de vagas em segmentos importantes, com crescimento mais suave e irregular ao longo de 2025.
Comércio da capital paulista bate recorde de vagas
Na capital, o comércio registrou o melhor resultado mensal desde fevereiro, com saldo positivo de 4.693 vagas em agosto (44.670 admissões e 39.977 desligamentos), sinalizando uma aceleração moderada após quatro meses de crescimento contínuo do emprego.
No acumulado de janeiro a agosto, o comércio da cidade gerou 17.410 vagas líquidas, com 345.010 admissões e 327,6 mil desligamentos. O crescimento em relação ao mesmo período do ano passado foi de 28,6%, mostrando avanço consistente no nível de emprego.
O varejo segue liderando a geração de empregos na capital, com 80% do saldo total (3.768 vagas), impulsionado por contratações em supermercados, farmácias e vestuário, setores que se beneficiam da recomposição gradual e da sazonalidade do meio do ano. Em 2025, o varejo já abriu 9.084 postos formais, representando 52% do total. O atacado contribuiu com 563 vagas em agosto e soma 5.618 no ano (32% do saldo), enquanto o comércio e reparação de veículos fechou agosto com 362 novos postos e acumula 2.708 vagas no ano.
Serviços na capital: ritmo mais lento
O setor de Serviços na capital paulista segue em expansão, mas com ritmo mais moderado. Em agosto, o estoque total de empregos formais atingiu 3,38 milhões de vínculos, ligeiramente acima de julho, refletindo a desaceleração típica do segundo semestre.
De janeiro a agosto de 2025, o setor criou 60.346 vagas líquidas, resultado de aproximadamente 1,17 milhão de admissões e 1,11 milhão de desligamentos. O saldo é 23% menor que o do mesmo período de 2024, quando foram abertas 78,7 mil vagas.
O desempenho indica perda de fôlego na geração de empregos, consequência do aumento dos desligamentos e de contratações mais seletivas. O cenário reflete a adaptação das empresas a custos elevados e margens comprimidas, fatores que limitam a expansão do quadro de pessoal.
Mesmo com a desaceleração, os Serviços continuam sendo o principal motor do emprego formal em São Paulo, sustentados por segmentos de maior valor agregado, como serviços técnicos, transporte e saúde. Já áreas como administração, educação e alimentação mostram sinais de estagnação ou retração.
Segundo a FecomercioSP, a combinação de salários pressionados, crédito restrito e menor confiança empresarial reforça o caráter mais cauteloso da recuperação do setor. Embora o saldo de vagas siga positivo, os resultados de agosto indicam que 2025 deve encerrar com desempenho inferior ao de 2024, a menos que o último trimestre traga uma retomada impulsionada por fatores sazonais, como turismo e contratações temporárias de fim de ano.
















