Apenas no ano passado, o público feminino aumentou em 61% nas ocupações de cargos do setor de transporte rodoviário de cargas no Estado de São Paulo, em relação a 2020. Ao todo, foram 32.094 admissões, principalmente nas áreas administrativa e comercial, que têm 52% e 56% de participações de mulheres, enquanto no operacional, esse percentual é de apenas 1,51%. O estudo foi desenvolvido pelo Instituto Paulista do Transporte de Carga (IPTC), órgão de pesquisa associado ao Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (SETCESP).
Ainda que o desejo do Movimento Vez e Voz do SETCESP seja aumentar a participação delas na área operacional, Ana Carolina Ferreira Jarrouge, líder do movimento e presidente Executiva do sindicato, diz que já há motivos para comemorar. “Começamos o Movimento Vez e Voz em 2020 e ele vem ajudando as mulheres a se candidatarem a vagas que culturalmente eram dominadas pelos homens e também a abrir o olhar das empresas para que elas tenham um novo posicionamento para a contratação de mulheres”.
O que, segundo Ana Carolina, já está acontecendo. “Tanto do lado das empresas que estão mais abertas para esse novo olhar de contratação, especialmente na área operacional, pois já sabíamos que na administrativa as mulheres praticamente dominavam dentro das empresas de transporte, mas também para as candidatas, pois o nosso movimento também fala com a sociedade, não adianta falar só com as empresas. É preciso mostrar para essas mulheres que o setor está aberto para recebê-las”.
Operacional
Também pelo estudo, em 2021 foram registradas 13.741 contratações femininas na área operacional, enquanto para o público masculino o número de contratações foi de 125 mil. “Apenas 1,51% é a participação da mulher nesta área, o que é muito pouco, diante das oportunidades e da falta de motoristas que o setor tem. É preciso realmente adotar posturas e estratégias diferentes para que a gente consiga efetivamente atrair as mulheres para esse tipo de função”, afirma Ana Carolina.
A executiva acrescenta que há um trabalho longo a ser feito, mas o importante é que ele já começou “Estou muito feliz com o movimento, com o aumento do número de contratações de mulheres em 2021, embora ainda não seja na área operacional, que é o que desejaríamos. Mas já é um indicativo positivo e temos que comemorar. Passo a passo nós iremos conquistar os nossos objetivos”.
Diversificação
O observado é que as empresas transportadoras começaram a implementar programas e projetos para atingir essa igualdade de gênero, a fim de obter um mercado mais íntegro e sem preconceitos. Um dos caminhos, propõe a executiva, é diversificar os canais de divulgação das vagas. “Também é preciso ter infraestrutura nas empresas para as mulheres e adotar políticas de RH para que as empresas sejam mais inclusivas e que elas se sintam parte delas. Isso também envolve a liderança”, acrescenta.
Fronteiras
O Movimento Vez e Voz foi criado para valorizar as mulheres que trabalham no setor e para atrair novos talentos. Ele já extrapolou São Paulo. “Nós estamos fazendo mais parcerias com empresas e entidades para elas ficarem signatárias do movimento, o que está se consolidando e nós estamos nos espalhando pelo Brasil”. Também foram criados grupos de trabalho e uma série de discussões com pessoas voluntárias tem sido realizadas para serem delineadas ações práticas do movimento.
Para finalizar, Ana Carolina diz que as mulheres vão conquistando o seu espaço pelas suas características. “A delicadeza, a nossa assertividade e a persistência são atributos nossos e nós vamos ocupando espaço. Eu não me preocupo com a velocidade, mas com a qualidade do movimento e para que ele realmente traga frutos para as mulheres”.
