Produção de veículos pesados fechará o ano com crescimento zero, diz Anfavea

Por falta de chips e dificuldades logísticas, caminhões e ônibus devem apenas repetir os números de 2021

A produção de caminhões e ônibus em 2022 deve apenas repetir os números do ano passado. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou na sexta-feira, 8, suas novas projeções para o setor. Serão 178 mil veículos pesados, o mesmo total alcançado em 2021.

A primeira estimativa (divulgada em janeiro) era de 192 mil unidades. O motivo da revisão não é a queda na procura, mas a dificuldade de produzir pela falta de componentes nas linhas de montagem. “Não é apenas a falta de semicondutores [chips], há um grande desafio logístico para abastecer as linhas”, garante o vice-presidente da Anfavea, Gustavo Bonini.

Vendas internas também serão afetadas

Na divisão por segmento, os caminhões devem responder por 159 mil unidades e os ônibus, por 19 mil, como no ano passado. A Anfavea também reduziu outras projeções, como as vendas internas. Em 2021 foram licenciados 143 mil veículos pesados.

A estimativa inicial para 2022 era de 157 mil emplacamentos, mas foi reduzida para 146 mil. Desse novo total, 129 mil serão caminhões, volume semelhante ao de 2021 (128,7 mil). Se as novas projeções se confirmarem, as vendas de ônibus crescerão 21%, atingindo 17 mil unidades.

Segundo a Anfavea, essa alta nos ônibus será puxada pelos modelos urbanos, rodoviários, fretamento e também destinados ao turismo, atividade que ganhou impulso com o fim da maioria das restrições impostas pela Covid-19. A revisão da entidade também prevê exportações estáveis, em 27 mil veículos pesados, como no ano passado. A projeção inicial foi pouco mais otimista, 29 mil.

Primeiro semestre de queda para caminhões

O mês de junho teve 13,4 mil caminhões produzidos, volume 4,1% menor que o de maio. No acumulado do ano foram 71,8 mil, queda de 3,9%. O menor volume vem da falta de componentes nas linhas de montagem. Somente a Mercedes-Benz paralisou sua produção por quatro vezes neste ano.

De acordo com Gustavo Bonini, a falta de peças está afetando todos os segmentos de caminhões, dos pequenos aos grandes. Somente os semipesados (com Capacidade Máxima de Tração, CMT, até 45 toneladas) fecharam o semestre em alta. Esse crescimento foi de 7,2%, com 22,9 mil unidades produzidas.

O mercado interno comprou em junho 11 mil caminhões, 5,6% a mais que em maio, apesar do feriado e menor número de dias úteis. O acumulado do ano teve 57,6 mil unidades e ligeira queda de 1,9% na comparação interanual. “Os caminhões pesados [com CMT acima de 45 toneladas] mantêm a maior relevância, com cerca de 50% das vendas e ainda impulsionados pelo agronegócio, mineração e construção civil”, diz Bonini.

A exportação de fechou o semestre com 11,1 mil caminhões e alta de 3,8%. Os embarques de junho foram quase uma repetição de maio, com 2,2 mil caminhões e ligeira queda de 2,6%.

Ônibus mostram resiliência e produção sobe

A fabricação de ônibus em junho somou 3 mil unidades, repetindo o volume de maio. No acumulado do foram fabricados 13,3 mil veículos, indicando alta de 29,1%. Esse crescimento foi puxado tanto por modelos urbanos como rodoviários.

“O setor foi o mais afetado pela pandemia por causa da necessidade de afastamento social, mas é muito resiliente. A demanda volta a ocorrer e acreditamos que a produção no segundo semestre será motivada por todos os segmentos”, afirma Bonini.

O mercado interno teve 1,4 mil ônibus emplacados em junho, 3,6% a menos que em maio. No acumulado do ano houve 7,3 mil licenciamentos, o que aponta queda de 3% ante iguais meses de 2021. Segundo Bonini, os minis e micro-ônibus responderam por 24% dos emplacamentos, o programa Caminho da Escola e os modelos urbanos, por 28% (cada um), os fretados por 6% e os rodoviários, por 14%.

Ainda sobre os ônibus, as exportações em junho somaram 449 unidades, o que indica crescimento de 6% sobre maio. No acumulado do ano foram 2,2 mil veículos, alta de 13,7% sobre o primeiro semestre do ano passado.