Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinar nesta quarta-feira (30) um decreto que eleva para 50% a tarifa sobre alguns produtos brasileiros, o presidente do Sebrae, Décio Lima, destacou que a medida representa uma grande oportunidade para fortalecer a economia brasileira, ampliando o acesso a novos mercados, além de ressaltar a soberania do país.
“A tarifa dos EUA não é uma tragédia para o Brasil — é um despertar. O Brasil é gigante, possui riquezas, um povo empreendedor e vocação global. Chegou a hora de agir com patriotismo e coragem. Vamos crescer com essa situação, não tenha a menor dúvida, incluindo as nossas cadeias produtivas. Tenho certeza de que ainda teremos a abertura de novos mercados nesta economia globalizada e entraremos em territórios onde nunca pisamos”, afirmou Décio. “O Brasil e a nossa economia são muito maiores do que isso. Essa é uma narrativa de taxação contra o Brasil e não podemos entrar numa onda perversa de pessimismo”, acrescentou o presidente do Sebrae.
Em sua análise, Décio Lima avaliou que os mais impactados pela medida serão os próprios americanos. No Brasil, a taxação fortalecerá o sentimento de patriotismo na população. “Toda essa situação vai nos mostrar aquilo que historicamente não conseguíamos enxergar: a grandeza do nosso país”, ressaltou.
Não precisamos ser submissos e vamos mostrar para o mundo o tamanho que temos. Não somos mais um território de subserviência, de gente pequena, um país de terceiro mundo.
Décio Lima, presidente do Sebrae.
O bom momento da economia brasileira, que possibilita essa avaliação, tem sido perceptível, segundo Décio Lima, no processo de inclusão social promovido no país, com a geração de empregos pelos pequenos negócios — responsáveis por mais de 60% das vagas criadas — e com a abertura de novas empresas: já são mais de 2,6 milhões de CNPJs abertos neste ano nesse segmento.
“Não posso imaginar que essas taxações e barreiras econômicas levem qualquer um de nós a voltar ao campo da subserviência, da humilhação e da resignação, a baixar a cabeça. O Brasil é dos brasileiros. Não será uma porcentagem de taxa imposta ao nosso modelo econômico que irá nos limitar”, avaliou.
O presidente do Sebrae também exaltou a criatividade do povo brasileiro e os biomas do país como diferenciais para superar a medida adotada pelo governo dos Estados Unidos. “Lá, eles [americanos] não têm a criatividade que o Brasil possui. Por isso, estou convicto de que isso tudo é um chamado para nos despertar. O que falta é acreditarmos em nós mesmos, inclusive nessa produção extraordinária da pulverização econômica e no espírito empreendedor do povo brasileiro”, concluiu Décio Lima.
Avaliação
Atualmente, 68% das exportações dos pequenos negócios são direcionadas para as Américas (28% América do Sul, 24% América do Norte e 7% América Central e Caribe). O presidente Décio Lima lembra que, nos últimos anos, houve um crescimento significativo no acesso dos pequenos negócios ao mercado internacional.
O número de empreendedores que vendem produtos e serviços para outros países cresceu 120% nos últimos 10 anos, enquanto as médias e grandes empresas cresceram 29% no mesmo período. Os pequenos negócios representam 41% do total de empresas exportadoras, apesar de movimentarem cerca de 0,9% do total dos recursos.
Segundo levantamento do Sebrae, em 10 anos houve um crescimento de 152% nos valores comercializados por pequenos negócios. Em 2023, esse segmento movimentou US$ 2,8 bilhões, o melhor resultado registrado em todos os anos anteriores a 2020, ficando atrás apenas das exportações realizadas em 2021 e 2022.