A Caoa Chery iniciou seu plano de eletrificação com uma ação ousada, lançando cinco produtos para simplesmente duplicar sua oferta de carros no mercado, mas apenas por algum tempo.
A marca sino-brasileira se apoia nas mudanças recentes do mercado, onde o volume deixou de ser o alvo dos fabricantes, ficando em seu lugar um valor agregado maior.
Com vendas menores, porém, mais rentáveis, os fabricantes aproveitam a eletrificação para justificar a mudança, cujo caminho não tem mais volta.
Vendo isso e também o movimento de concorrentes em potencial, a Caao Chery apresentou os modelos eletrificados Arrizo 6, Pro Hybrid, Tiggo 5x Pro Hybrid e Tiggo 7 Pro Hybrid.
Com eles, a marca reforça o lineup com o Tiggo 8 Plug-in Hybrid e o pequenino elétrico iCar. Os preços, entre R$ 139.990 e R$ 269.990, são atraentes, ainda que sejam de “lançamento”.
No caso do trio citado inicialmente, a Caoa Chery usou a mesma estratégia da Kia com o Stonic, por exemplo, ao se referir aos produtos como híbridos plenos, mas eles são mesmo micro-híbridos (MHEV).
Usando sistema elétrico de 48V com uma bateria de lítio mais robusta que a tradicional de chumbo-ácido, o sistema é um paliativo para reduzir o consumo no lugar de um híbrido comum, que demanda mais investimento.
É um Start&Stop mais avançado, que adiciona potência e torque em algumas situações, ajudando a reduzir o consumo e a emissão. Aliado ao motor 1.5 Turbo Flex, nesse último, o sistema acaba se destacando com etanol.
A Caoa Chery fala em até 13% de melhora no consumo dos modelos Arrizo 6 Pro Hybrid e Tiggo 5x Pro Hybrid, porém, apenas 5,2% no Tiggo 7 Pro Hybrid, que ficou mais fraco que a versão com motor 1.6 TGDI.
Ao localizar dois deles (Arrizo 6 virá importado), a montadora nos dá um vislumbre do que virá adiante na indústria nacional, os eletrificados flex.
Por conta do alto custo de uma bateria robusta, de motores elétricos e da tecnologia envolvida para fazer um carro como o Corolla Hybrid ou mesmo o Tiggo 8 PHEV, o MHEV – seja de 12V ou 48V – é o caminho a seguir no Brasil.
Tecnologias como PHEV e EV serão os passos seguintes do setor automotivo nacional, com algumas ações localizadas, como a montagem do Tiggo 8 Plug-in Hybrid em Anápolis-GO.
Já o carro elétrico ainda é coisa para vir de fora, especialmente por conta do alto custo de produção já existente no Brasil, que piorou após a pandemia.
No mercado, a estratégia da Caoa Chery com o iCar é forçar o passo para o cenário já descrito, apresentando alternativa que deverá contribuir com a mudança.
Sobre os produtos, todos foram apresentados no evento de lançamento de forma estática, não havendo assim test drive.
Foram poucos carros para uma grande de jornalistas, revendedores e convidados, então, esperemos pela oportunidade para andar neles. Enquanto isso, ficamos com as primeiras impressões do que conseguimos ver.
Caoa Chery Arrizo 6 – primeiras impressões
O sedã médio da Caoa Chery é um alento para os donos do modelo e para quem vislumbrava o produto, ante o encerramento da produção em Jacareí. Agora como Arrizo 6 Pro Hybrid, ele virá da China.
Visualmente agrada, com a nova grade estilizada e o conjunto ótico completamente em LED. Atrás, as lanternas escurecidas com iluminação em LED deixam o carro com um ar mais sofisticado, realçadas pelas belas rodas diamantadas.
Dentro, o Arrizo 6 Pro Hybrid aposta num cluster digital e multimídia vistosa, com um acabamento de boa aparência e um console central sofisticado, tendo alavanca de câmbio eletrônica (tipo joystick) e agora com carregador indutivo de smartphone.
A coluna de direção tem mais ajustes e há comando de voz offline, mas não tivemos tempo para verificar essas novidades, assim como os novos piscas.
Há um item que os clientes estavam reclamando e a Caoa Chery atendeu, como comentou Márcio Alfonso, vice-presidente da CAOA, sendo no caso o retrovisor interno eletrocrômico.
Com bom espaço interno, o Arrizo 6 Pro Hybrid mantém o que os consumidores gostaram, acrescido de Start&Stop e do conjunto híbrido leve (outra designação do MHEV) com bons 160 cavalos e 25,5 kgfm. O câmbio CVT.
Tendo preço acima do Corolla XEi e agora sendo importado, será importante avaliar bem e testar o carro antes de considerar a compra.
Tiggo 5x Pro Hybrid – primeiras impressões
O Caoa Chery Tiggo 5x Pro Hybrid compartilha com o sedã a mesma motorização eletrificada, usando sistema elétrico de 48V e o motor de arranque/alternador/propulsor elétrico, montados em Goiás.
Da mesma forma, recupera energia nas frenagens e desaceleração, assim como se espera que desligue o motor momentos antes da parada completa do carro, o que será possível verificar num test drive ou avaliação.
Visualmente, o Tiggo 5x Pro Hybrid é exatamente igual ao modelo Pro já conhecido, porém, a única identificação dessa versão é o novo logotipo para a linha de eletrificados da Caoa Chery, fixada abaixo do nome da marca.
Se por fora a Caoa Chery não mudou nada, por dentro, adicionou o bom volante do Tiggo 8, que combinou com o belo visual interno, que também tem espaço bom.
Contudo, como se sabe, ainda não é o último da Chery, pois, o Tiggo 5x na China já tem painel com duas telas paralelas, mas não de modo algum ruim por isso.
O novo console com carregamento indutivo é novidade, assim como Start&Stop e sensor de chuva, outro item que faltava no SUV compacto da Caoa Chery.
Bem-sucedido por aqui, o Tiggo 5x ficou um tanto caro com essa proposta eletrificada, sendo praticamente R$ 20 mil mais caro que rivais como Hyundai Creta Ultimate e VW T-Cross Highline.
Ainda assim, estes não possuem a proposta de hibridização leve, mas apresenta números de potência e torque na mesma faixa. É cedo para afirmar se fará o mesmo sucesso da versão comum.
Tiggo 7 Pro Hybrid – primeiras impressões
O Caoa Chery Tiggo 7 Pro Hybrid é o modelo que mais mudou, afinal, adotou o novo visual da versão Pro recentemente, mas nesta proposta, ganhou somente rodas aro 18 polegadas escurecidas, de belo visual, diga-se de passagem.
O conjunto frontal full LED é atraente, mas a traseira se mostra um tanto simples. Dentro, o ambiente já poderia ser como do último Tiggo 7 chinês, com duas telas paralelas, mas é o mesmo visto no Tiggo 5x.
A diferença fica pela acabamento em preto brilhante do console, que poderia ter sido reproduzido no painel para se distinguir mais do irmão menor, assim como mesmo acabamento nas portas.
Os demais itens são os mesmos e o espaço interno é um pouco melhor. Na mecânica, porém, é o que perdeu em comparação com a versão comum, compartilhando o conjunto micro-híbrido flex.
Já o preço é evidentemente maior (exatos R$ 6.200) que a versão 1.6 TGDI, que tem 187 cavalos. Em comparação com o Taos, ele tem pouco mais que essa diferença de vantagem.
É um SUV de porte médio com bom espaço interno e porta-malas adequado para sua proposta, que trouxe de vantagem somente 5,2% de economia adicional.
Poderia ser mais, mas com motor pequeno, é evidente que a conta não fecharia como no caso dos irmãos mais leves.
Caoa Chery Tiggo 8 Pro Plug-in Hybrid – primeiras impressões
O SUV topo de linha da Caoa Chery foi o segundo que mais roubou atenção da imprensa e, com apenas uma unidade, foi disputadíssimo.
O Tiggo 8 Plug-in Hybrid chega com preço e força para eclipsar um dos ícones do mercado de SUVs, o Jeep Compass e por isso os holofotes estavam nele.
Vistoso, o Tiggo 8 Pro Plug-in Hybrid justifica plenamente a designação dada pela Caoa Chery, entregando 317 cavalos e 56,6 kgfm.
Já na versão Pro, chega com tudo novo, adicionando as mudanças visuais que já mencionamos anteriormente, deixando-o mais premium.
É um player de respeito, que vem emplacando bem no mercado nacional com a antiga versão, com motor 1.6 TGDI.
Custando R$ 269.990, ele briga com Compass, Commander e com quem mais vier para cima, tendo sete lugares e a eficiência energética esperada.
Com interior completamente refeito, com duas telas paralelas, mais um console tendo outra tela digital para climatização, alavanca joystick iluminada e volante exclusivo, o Tiggo 8 Pro Plug-in Hybrid é o suprassumo da marca.
Tendo itens como rebatimento elétrico do banco do passageiro dianteiro, acessível pelo assento traseiro, o Tiggo 8 Pro Plug-in Hybrid explora o que tem de mais sofisticado na marca.
Oferecendo bom acabamento, espaço interno e bagageiro generoso, o SUV PHEV agrega ainda um pacote tecnológico avançado com 9 modos de condução e 11 velocidades simuladas.
Roda 77,6 km no modo elétrico, recarrega externamente e, apesar de ter o mesmo 1.5 Turbo (sem Flex) dos demais, tem dois motores elétricos potentes e vai de 0 a 100 km/h em 6,7 segundos.
De todos apresentados, o Tiggo 8 Pro Plug-in Hybrid é o mais vantajoso, sem dúvidas.
Caoa Chery iCar – primeiras impressões
Do “imponente” Tiggo 8 Pro ao pequenino iCar há enorme diferença de tamanho, proposta e preço. Todavia, é o pequeno que mais chama atenção.
Com 3,200 m de comprimento, o iCar é menor que um Fiat 500, mas a impressão visual inicialmente diz o contrário, dada sua altura e design.
A carroceria é de um tipo de polímero de alta resistência, que torna a casca de ovo de páscoa mais rígida e leve, com uma base feita em alumínio.
Ainda que não seja extremamente alegre como o antigo QQ, o iCar é simpático o suficiente para atrair olhares de encantamento de alguns e considerá-lo no lugar do rival Kwid E-Tech, outro chinês na redondeza.
O acabamento agrada, em especial dos bancos, com ajustes elétricos. O do passageiro tem função de recuo para facilitar o ingresso no banco traseiro, para dois.
Já o console em preto brilhante tem como destaque o carregador indutivo de celular, o que nos faz lembrar do JAC e-JS1, seu outro conterrâneo e concorrente.
O cluster digital e a multimídia em posição de tablet, estão em sintonia com que se espera de um carrinho elétrico urbano.
A aplicação de tons de azul no acabamento e guarnição, ajuda a torná-lo mais receptivo em sua missão de ser uma alternativa ecológica e econômica no mercado.
Pequeno por fora, espaçoso suficientemente para dois e com bagageiro que leva de duas mochilas às compras do mês de um casal sem filhos, o iCar só poderia ser mais barato.
São R$ 139.990, mas se comparado aos rivais, fica em vantagem. Contudo, num mercado sem incentivos para carros elétricos, essa é a realidade.
Com tração traseira, 61 cavalos, 15,3 kgfm e autonomia para 282 km, parece servir bem nos grandes centros. Só mesmo ao volante para descobrir o que mais ele pode fazer.
Um detalhe que chama atenção, além do recuo automático do banco do passageiro, é o capô diminuto, que é apenas encaixado, sendo necessário colocá-lo em algum lugar para acessar os componentes do cofre.
Já na pré-venda, ainda não se sabe quantas unidades estarão disponíveis, mas se você gostou, melhor não demorar muito.
Caoa Chery elétricos e híbridos – Galeria de fotos
Evento a convite da Caoa Chery.