“No Brasil, o modelo de descarbonização dos veículos deverá ser híbrido”

Quem faz essa afirmação é o presidente da Toyota do Brasil, Rafael Chang

O Sindipeças realizou o 3º Encontro da Indústria de Autopeças, no dia 20 de junho, no formato online. Entre os destaques, muito se falou sobre a eletrificação dos veículos, inclusive, com a opinião de representantes de países asiáticos. Na reposição, o tema foi “Macrotendências na Reposição”, com tópicos sobre digitalização, descarbonização e conectividade, e como o setor precisa se preparar para o impacto da concorrência dos novos market places.

Na abertura, Cláudio Sahad, presidente do Sindipeças e da Abipeças, fez um balanço dos temas das edições anteriores. “Em 2019, nós trouxemos as montadoras instaladas no Brasil para exporem a sua visão de futuro, entre outras apresentações, como são interessantes diagnósticos sobre a reposição. O encontro foi presencial, com mais de 400 participantes”.

Na segunda edição, em 2021, já online devido à pandemia, o evento contou com representantes de autopeças da Europa, Estados Unidos, Índia, do México e da Argentina, “Eles apresentaram suas perspectivas para mudanças na mobilidade”, comentou o executivo. Nesta edição, foi a vez dos representantes da Ásia, onde se concentra cerca de 40% da produção mundial de veículos, e as participações dos representes do setor de reposição sobre os impactos e as mudanças necessárias com a transformação digital.

“O que o importantíssimo segmento de reposição precisa fazer para acompanhar as mudanças. Nesse movimento disruptivo na arquitetura dos veículos e na matriz energética, vamos refletir e trabalhar quais são as oportunidades para o setor de autopeças no Brasil”, afirmou Sahad.

Descarbonização

Na sequência, a Palestra Magna foi sobre a descarbonização e alteração da matriz energética, os impactos para a cadeia de produção na indústria automotiva mundial e no Brasil, considerado todo o ciclo de vida do veículo. Conduzida por Dan Ioschpe, membro do Conselho de Administração do Sindipeças, os palestrantes foram Masahiro Inoue, CEO da Toyota da América Latina e Caribe, e Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil.

“A redução das emissões de CO2 tornou-se uma obrigação para toda a humanidade e também para todas as empresas. Com base no conceito e avaliação do ciclo de vida, a Toyota tem um conceito de redução de emissões de CO2 mais amplo. Nós vamos trabalhar em todos os processos desde a produção de carro até que eles sejam sucateados”, disse Inoue.

A Toyota foi pioneira ao lançar o primeiro carro híbrido, em 1997. “A Toyota é a primeira empresa totalmente amigável e tem orgulho de desenvolver tecnologia de produção de veículos híbridos em massa. Nós vendemos e exportamos o Corolla Sedã e o Corolla Cross, os primeiros veículos híbridos e flex do mundo, que combinam biocombustível de etanol e motor híbrido. O importante nos esforços da Toyota é desenvolver tecnologia híbrida e aplicar formas para reduzir custos e permitir que clientes em todo o mundo comprem veículos híbridos”, afirmou Inoue. Ainda de acordo com ele, nas quatro fábricas da Toyota no Brasil, a partir de 2018, houve a mudança no processo produtivo com o uso da energia elétrica para 100% eletricidade renovável.

Modelo

Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil, contou que no caminho da descarbonização, a montadora tem quatro rotas que vão depender muito de cada país e região. “Deveremos ter uma matriz para eleger essa tecnologia, que tem que ser prática e sustentável, ser financeiramente viável, sobretudo, para colocar a tecnologia à disposição dos consumidores”. Tecnologia que, segundo ele, tem que ser prática e sustentável para as montadoras e para a cadeia de fornecedores.

Ainda de acordo com Chang, “a matriz energética, a infraestrutura e o uso dos carros pelos consumidores são, para nós, a consideração chave para entendermos as rotas tecnológicas e chegaremos em um momento em que duas ou três e até quatro rotas estarão juntas. Pelas condições atuais e a produção de etanol que temos no Brasil, a combinação de híbrido e flex é a melhor solução para o País”.

Em números, Inoue colocou que anualmente, 100 milhões de veículos são produzidos no mundo e vendidos, primordialmente, de motor a combustão. “A vida útil de um carro é de 15 a 20 anos e no mundo são 1,5 bilhão de carros rodando. É impossível trocar essa frota em um ou dois anos, mas, passo a passo, ano a ano. Trocar essa frota no mundo inteiro, seria a solução mais prática de reduzir o carbono. Eu proponho esse tipo de pensamento global”, concluiu.