Para Tony Bell, da GKN Driveline na Ásia, “a eletrificação é o maior ponto de mudança na história do automóvel de passageiros”
No painel “A Visão da Ásia”, mediado pelo diretor de Tecnologia do Sindipeças, Gábor Deák, no 3º Encontro da Indústria de Autopeças, realizado pelo Sindipeças, no dia 20 de junho, executivos sediados no Japão, China e nos Estados Unidos mostraram a força do mercado asiático e as mudanças que estão por vir. Tony Bell, vice-presidente de Operações da GKN Driveline na Ásia,falou sobre o mercado japonês.
“Desde 2012, o nível de produção de veículos no Japão tinha sido estável e as vendas anuais em torno de 9 milhões. Durante esse período, os fabricantes mantiveram um alto nível de exportação para o mundo. Com o início da pandemia, a produção e as vendas caíram bastante e a recuperação tem sido lenta, devido a questões de fornecimento. A recuperação não chegará ao nível de 2019, nem de produção e nem de vendas”, previu.
O resultado, disse ele, “é que a base de sistemistas está encolhendo no Japão. “O que significa que eles terão que ser mais inovadores para continuarem competitivos. Todos os fabricantes têm produção fora do Japão, em duas ou três regiões importantes, e questão não é só a terceirização local, mas mundial”. Além disso, ele colocou que todos estão mudando para a eletrificação.
“A previsão da Toyota é de 3,5 milhões de veículos elétricos com bateria até 2030, a Honda, 5% até 2040, e a Subaru, 100% até 2030. Tudo isso seguido por metas de carbono neutro até 2040, isso vai reduzir as emissões eliminando a necessidade de combustíveis fósseis no futuro”, especificou.
Segundo Bell, “a eletrificação é o maior ponto de mudança na história do veículo de passageiros, com investimentos de 330 bilhões de dólares americanos, em pesquisa e desenvolvimento. Como fornecedor, há uma necessidade de evoluir e investir na tecnologia de próximo nível, não apenas para o produto, mas com o processo alinhado com a orientação das montadoras”.
Mercado chinês
Mingyu Guan, Managing Partner da McKinsey & Company em Beijing, comentou sobre a potência da China. “Nos últimos dez anos, ela tem sido o motor de crescimento da Ásia, mais de 10% do crescimento vêm dos mercados chineses e no futuro os países da Asia também vão contribuir bastante para o crescimento”.
Sobre a eletrificação, Guan ilustrou que a China é a locomotiva para o fornecimento de baterias. “O país tem muitas medidas e políticas de incentivo do Governo. A China é a locomotiva das baterias para veículos elétricos e vai continuar sendo, tendo quase 80% do mercado, quando olhamos para 2029”.
Guan também contou que há muitos players emergentes na China, incluindo os fornecedores automotivos tradicionais e outros que também são vistos com potenciais para entrarem na cadeia de valor mais ampla. “Eles querem trabalhar no que têm de ponto mais forte, na tecnologia das últimas décadas, o que pode ser muito benéfico. Inovação pode ser acionada localmente e isso vai acelerar mais ainda nos anos futuros. Algumas empresas chinesas vão aparecer e vão ter também presença nos mercados locais”, previu.
Mercado americano
Scott McEwan, diretor da Hyundai Mobis nos Estados Unidos, retratou o sul-americano. “É um mercado que tem um crescimento muito importante, acima de 5% todos os anos, e que já tem acontecido a localização no suprimento de componentes, graças aos incentivos governamentais para a fabricação local e por exigências do próprio mercado. Por vezes, os fabricantes de automóveis querem que os fornecedores estejam na mesma região ou até no mesmo quarteirão”.
Com a eletrificação, McEwan falou sobre as mudanças. “Mais componentes serão produzidos para as unidades na América do Sul, os negócios exigem sistemistas locais, assim como sub-sistemistas, sempre que possível, e isso nos dá um forte incentivo de estarmos presentes (como Hyundai Mobis)”.
Para garantir a capacidade de manufatura para os veículos elétricos, ele defendeu a abertura do plano estratégico por parte das montadoras. “Podemos exigir que elas esclareçam seus projetos de veículos elétricos na América Latina, agora para 2030, para que a capacidade de manufatura corresponda aos veículos que talvez exigirão discussões”.
Segundo ele, muitas coisas terão que ser feitas e muitas substituídas, mas falta clareza. “Acho que em nenhum lugar do mundo essas coisas estão claras, mas nós temos a oportunidade de participarmos dessas conversas também. A pressão global e as ações locais do governo vão continuar para abrir, cada vez mais, brecha para os veículos elétricos e os ices (carros com motor a combustão)”.