Cidade de São Paulo lidera eletrificação com ampla vantagem
Mercado nacional triplica e alcança novo marco histórico
Compromisso dos prefeitos é fundamental para a descarbonização das frotas
No primeiro semestre de 2025, o mercado brasileiro de ônibus elétricos apresentou crescimento expressivo e inédito, com 306 unidades emplacadas em todo o país. Esse número representa um aumento de 141% em comparação ao mesmo período de 2024, quando foram vendidas 127 unidades.
Somente em junho, 34 ônibus elétricos entraram em operação, o que equivale a um crescimento de 278% em relação a junho de 2024 (9 veículos). Esses dados refletem os avanços da eletromobilidade no transporte público, impulsionados por políticas públicas, maior variedade de modelos disponíveis e o comprometimento crescente dos gestores municipais com a descarbonização.
Mercado de São Paulo
São Paulo é o epicentro da revolução elétrica no transporte público brasileiro. Dos 306 ônibus elétricos registrados no primeiro semestre, 275 operam na capital paulista, representando 90% do total nacional. Isso demonstra que a adoção de ônibus com emissão zero ultrapassou o estágio de tendência e se consolidou como política pública, amparada por legislação específica e forte engajamento municipal.
A transição começou na gestão do então prefeito João Doria, com a promulgação da Lei Municipal nº 16.802/2018. A legislação estabeleceu o prazo de 20 anos, até 2038, para que a frota paulistana de ônibus alcance emissão zero de gás carbônico (CO2), além de reduzir em 95% as emissões de material particulado (MP) e óxidos de nitrogênio (NOx). Simultaneamente, abriu-se licitação para renovação dos contratos com as empresas operadoras, com metas anuais obrigatórias de descarbonização.
A implementação efetiva iniciou-se em 2019, durante a gestão de Bruno Covas, com testes e contratos firmados com concessionárias. O progresso mais significativo ocorreu a partir de outubro de 2022, quando o atual prefeito Ricardo Nunes proibiu a entrada de novos ônibus a diesel no sistema municipal, acelerando a eletrificação das frotas.
Desde então, São Paulo tem incorporado dezenas de ônibus elétricos anualmente, consolidando-se como referência nacional em mobilidade urbana sustentável. A cidade já possui tradição em transporte elétrico desde 1949, com a criação da primeira rede de trólebus da América Latina, atualmente com 201 unidades em operação.
Além disso, em 2009, o então prefeito Gilberto Kassab sancionou a pioneira Lei de Mudança do Clima (Lei 14.933), que estipulava um prazo de dez anos para a descarbonização total das frotas de ônibus. Por diversos motivos, essa lei não foi aplicada, levando à revisão dos prazos e à promulgação da atual Lei 16.802, em janeiro de 2018.
Outras cidades
Outras cidades do estado de São Paulo também avançaram na transição de suas frotas no primeiro semestre de 2025, destacando-se São Bernardo do Campo (11 ônibus elétricos), Ribeirão Preto (4), Campinas (2) e Barueri (1), reforçando a liderança paulista em âmbito regional.
Nas demais unidades da federação, embora as maiores capitais concentrem grandes frotas de ônibus coletivos, a participação de veículos elétricos ainda é baixa em relação ao total. São Paulo mantém ampla vantagem na eletrificação do transporte público, seguida por algumas capitais das regiões Centro-Oeste e Nordeste.
A aceleração da transição é impulsionada por legislações locais e iniciativas federais, como o PAC Cidades, que oferece financiamento e incentiva a produção nacional de tecnologias limpas. Contudo, a expansão apresenta desigualdades, devido a desafios relacionados a financiamento, infraestrutura e planejamento em diversas regiões.
Municípios com ônibus elétricos emplacados no 1º semestre de 2025:
- São Paulo/SP: 275
- São Bernardo do Campo/SP: 11
- Resende/RJ: 4
- Ribeirão Preto/SP: 4
- Salvador/BA: 3
- Goiânia/GO: 3
- Campinas/SP: 2
- Taboão da Serra/SP: 2
- Cariacica/ES: 1
- Barueri/SP: 1
Capitais com as maiores frotas de ônibus:
- São Paulo (SP): 15.000
- Goiânia (GO): 3.000
- Brasília (DF): 2.967
- Belo Horizonte (MG): 2.874
- Recife (PE): 2.800
Fabricantes de ônibus elétricos
Atualmente, dez fabricantes atuam no segmento de ônibus elétricos no Brasil: Ankai, BYD, Eletra, Higer, Induscar, Yutong, Mercedes-Benz, Marcopolo, Volvo e VW Truck & Bus, oferecendo um portfólio com 28 modelos diferentes. No primeiro semestre de 2025, sete dessas marcas foram responsáveis pela comercialização dos 306 ônibus elétricos no país.
Destaque para Eletra e BYD, que juntas representaram 65,3% das vendas no período, com 34,3% e 31%, respectivamente.
Vendas por fabricante no 1º semestre de 2025:
- Eletra: 105 unidades (34,3%)
- BYD: 95 unidades (31,0%)
- Mercedes-Benz: 70 unidades (22,8%)
- Induscar: 15 unidades (4,9%)
- Higer: 11 unidades (3,6%)
- Ankai: 6 unidades (1,9%)
- VW Truck & Bus: 4 unidades (1,3%)
Os dados indicam que fabricantes tradicionais como Marcopolo e Volvo não registraram vendas de modelos elétricos no período analisado. Essa ausência não necessariamente indica falta de interesse ou recuo no segmento de eletromobilidade, mas pode refletir a dinâmica do mercado, que depende de processos de licitação pública e contratos com prefeituras e operadores de transporte coletivo, resultando em períodos sem entregas.
Por exemplo, a Marcopolo realizou a entrega de 95 ônibus elétricos em julho de 2025, fora do primeiro semestre, para uma operadora da cidade de São Paulo.

















